O marqueteiro o Aliança do Brasil, o publicitário Sérgio Lima, é a sexta pessoa que esteve com a comitiva do presidente Jair Bolsonaro nos Estados Unidos a testar positivo para o coronavírus. Ele não viajou no avião presidencial, mas esteve junto com o grupo durante reuniões na Flórida.
O publicitário confirmou o resultado pelo Twitter na madrugada deste domingo: “Acabo de receber meu resultado positivo para o #Covid-19 (sic). Fico chateado por ter que me afastar do trabalho pelo período da quarentena, mas vou aproveitar para ler e estudar. Cuidem-se”, escreveu.
Além de Lima, outras cinco pessoas que mantiveram contato com Bolsonaro foram confirmadas com a covid-19. O primeiro caso foi o do secretário especial de Comunicação, Fabio Wajngarten, que obrigou aos demais integrantes da comitiva a fazerem o exame mesmo sem apresentar os sintomas.
Em seguida, tiveram resultados positivos para o coronavírus o encarregado de Negócios do Brasil nos Estados, o embaixador Nestor Forster; o senador Nelsinho Trad (PTB-MS), e a advogada Karina Kufa, tesoureira do Aliança do Brasil, que também viajou em voo de carreira.
O prefeito de Miami, Francis Suarez, que recebeu a comitiva brasileira, também foi confirmado com a covid-19.
O presidente Jair Bolsonaro testou negativo para a doença, mas a orientação da equipe médica é que ele se mantenha em quarentena no Palácio do Alvorada e repita o exame no início desta semana.
Exames mostraram também que a primeira-dama Michelle e o deputado Eduardo Bolsonaro não foram contaminados.
Na noite de sábado, o Itamaraty divulgou que o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, testou negativo para o coronavírus, assim como os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Fernando Azevedo e Silva (Defesa) e Bento Albuquerque (Minas e Energia). Parte da comitiva brasileira ainda aguarda o resultado do teste.
Bolsonaro desrespeita isolamento e participa de ato pró-governo em Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deixou o Palácio da Alvorada de carro na tarde deste domingo (15) e seguiu para a Esplanada dos Ministérios para participar dos atos em defesa do governo em Brasília. Depois de passar por carreata, Bolsonaro se dirigiu ao Palácio do Planalto.
O presidente não tinha agenda oficial para este domingo e estava em isolamento na residência oficial depois de ter recebido, na sexta-feira (13), resultado negativo para Covid-19. Questionada, a assessoria da Presidência da República disse que a participação do presidente no ato tratava-se de “agenda pessoal”.
Do Palácio do Planalto, o perfil oficial do presidente em uma rede social transmitiu ao vivo a interação dele com apoiadores, que durou pouco mais de uma hora.
“Vim dar uma olhada nesse movimento patriótico”, justificou Bolsonaro frente a uma aglomeração de pessoas que se reuniu na Praça dos Três Poderes. “Manifestação não é minha, é espontânea do povo”, disse ele. “Quero ter o prazer de um dia estar com todos os chefes de Poderes juntos e o povo aplaudindo a gente. É só isso que eu quero. Não tem preço o que esse povo tá fazendo aqui no dia de hoje”, completou.
Usando colete à prova de balas por baixo de uma camisa branca da seleção brasileira, Bolsonaro desceu a rampa do Planalto em direção à aglomeração. Apoiadores de verde e amarelo carregavam faixas e bandeiras e gritavam palavras de ordem como “mito”, “nossa bandeira jamais será vermelha” e “eu vim de graça”. Em dado momento, um grupo entoou um “Fora Maia”, em referência ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Inicialmente, duas grades separavam Bolsonaro dos manifestantes, mas o próprio presidente pediu para liberar uma delas e manteve contato mais próximo com os apoiadores, entre eles crianças e idosos, que lhe entregaram camisas e bandeiras e pediram para o presidente fazer selfies.
Veja a transmissão completa abaixo:
A participação de Bolsonaro nos atos ocorre dias após pronunciamento feito por ele em rede nacional de televisão no qual desestimulou os atos de domingo (15) em função da propagação do novo coronavírus no país.
Mais cedo, o presidente tinha voltado a endossar as manifestações em suas redes sociais ao divulgar uma série de vídeos dos atos que ocorrem em cidades como Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Salvador (BA), Ribeirão Preto (SP) e Volta Redonda (RJ).
Nos vídeos, alguns manifestantes de verde e amarelo aparecem usando máscaras. Em algumas capitais, como Rio de Janeiro e Brasília, os governadores proibiram aglomerações com mais de 100 pessoas como medidas preventivas contra a propagação do novo coronavírus. Em todo o país, foram cancelados festivais de música, de cinema e de teatro e outros grandes eventos.
Deputados federais apoiadores do presidente comparecem aos atos em várias cidades. O deputado Marco Feliciano (Podemos-SP) esteve em Ribeirão Preto, Eder Mauro (PSD-PA), em Belém e Bia Kicis (PSL-DF), em Brasília.
Na semana passada, em Boa Vista (RR), o presidente incentivou a população a participar dos atos, chamados por ele de “um movimento de rua espontâneo”. Depois, frente ao avanço do coronavírus no Brasil, Bolsonaro recuou e sugeriu a apoiadores que remarcassem os atos para outra data. “Já foi dado um tremendo recado para o Parlamento”, ponderou o presidente.
Atos contrariam orientações
Na semana passada, com a escalada da crise derivada da disseminação da Covid-19 no Brasil, o Ministério da Saúde orientou a população a evitar aglomerações e contato social como idas ao cinema, shoppings e viagens. De acordo com a pasta, as capitais do Rio de Janeiro e de São Paulo já registram caso de transmissão comunitária, quando não é identificada a origem da contaminação.
Em Brasília, o governador Ibaneis Rocha (MDB) prorrogou por 15 dias as medidas preventivas que havia baixado contra o coronavírus. O decreto estende pelo período a suspensão de aulas nas redes pública e privada e proíbe eventos que reúnam mais de 100 pessoas e que dependam de autorização do poder público.
*Agência Estado