Morreu nesta sexta-feira (23), aos 81 anos, Sebastião Salgado, um dos mais influentes e premiados fotógrafos documentais do mundo. A informação foi confirmada pelo Instituto Terra, organização fundada por Salgado e sua esposa, Lélia Deluiz Wanick Salgado, dedicada à recuperação ambiental da Mata Atlântica em Minas Gerais.
Salgado enfrentava, há anos, problemas de saúde decorrentes da malária, doença que contraiu durante uma de suas viagens nos anos 1990, enquanto documentava populações em áreas remotas e em conflito. Segundo pessoas próximas, os tratamentos já não estavam surtindo efeito nos últimos anos, e seu estado de saúde se agravou recentemente. Ele morava em Paris, onde viveu boa parte da vida.
Em nota, o Instituto Terra lamentou a perda:
“Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade.”
“Através das lentes, revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora. Seguiremos honrando seu legado, cultivando a terra, a justiça e a beleza que ele tanto acreditou ser possível restaurar. Nosso eterno Tião, presente! Hoje e sempre.”.
Um olhar sobre a humanidade
Sebastião Salgado nasceu em 1944, em Aimorés (MG), e formou-se em Economia antes de dedicar-se integralmente à fotografia nos anos 1970. Com um estilo marcante em preto e branco, seu trabalho capturou a condição humana em cenários de extrema vulnerabilidade, retratando migrantes, operários, indígenas e trabalhadores em diversas partes do mundo.
Ganhou notoriedade mundial com séries como “Trabalhadores”, “Êxodos” e “Gênesis”, sendo reconhecido por sua sensibilidade e compromisso com causas sociais e ambientais. Um dos marcos de sua carreira foi a cobertura da Serra Pelada, no Pará, nos anos 1980 — um registro impressionante da corrida do ouro em um dos maiores garimpos a céu aberto do planeta.
Ao lado de Lélia, criou o Instituto Terra em 1998, que desde então reflorestou milhares de hectares de área degradada no Vale do Rio Doce. A iniciativa se tornou referência internacional em recuperação ecológica e educação ambiental.
Despedida
Sebastião Salgado deixa a esposa, Lélia, com quem foi casado por mais de 50 anos; os filhos Juliano — que também é cineasta e dirigiu o documentário O Sal da Terra, sobre a trajetória do pai — e Rodrigo; além de dois netos, Flávio e Nara.
O mundo perde um contador de histórias que usava a luz e a sombra não apenas como técnica, mas como linguagem para denunciar injustiças e celebrar a beleza da vida. Seu legado segue vivo em imagens que continuarão a emocionar, provocar reflexão e inspirar mudanças.
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