É quase um ritual: prato feito na mesa, garfo na mão e aquele pensamento inevitável — “só falta o refri”. Para muitos brasileiros, o guaraná é presença garantida nas refeições, especialmente no almoço. E essa preferência está longe de ser pequena. Segundo o anuário do Ministério da Agricultura e Pecuária, divulgado em setembro de 2024, o Brasil produziu 23 bilhões de litros de refrigerante no ano anterior. Apenas 6% desse volume foi exportado. Ou seja, quase tudo ficou aqui mesmo, circulando entre os hábitos alimentares do país.
Mas será que esse costume é um vilão para quem está de dieta ou tentando adotar um estilo de vida mais saudável?
Quando falamos em reeducação alimentar, emagrecimento e déficit calórico, logo surgem imagens de pratos sem graça, rotina regrada, adeus aos doces e, claro, ao refrigerante. A verdade, no entanto, é que tentar mudar todos os hábitos de uma vez pode ser um caminho certo para o fracasso. A nutricionista clínica Lia Santos alerta que o ideal é fazer substituições inteligentes e buscar equilíbrio, não restrição total.
Um exemplo comum é a troca do refrigerante tradicional por suco de caixinha, muitas vezes considerada uma opção mais “fit”. Porém, essa substituição pode ser uma armadilha, já que muitos desses sucos contêm grande quantidade de açúcar, mesmo sendo “naturais”.
E o refrigerante zero? Vilão ou aliado?
De acordo com a Dra. Lia Santos, o refrigerante zero pode, sim, ser uma alternativa estratégica. “Como o próprio nome já indica, ele é zero: sem açúcar e praticamente sem calorias. Ou seja, não vai atrapalhar seu processo de emagrecimento se consumido com moderação”, afirma. Ela explica que os adoçantes utilizados possuem limites seguros de consumo diário e, geralmente, mesmo duas latas por dia não ultrapassam esse limite. “O segredo é não exagerar.”
A reinvenção do Guaraná Baré
Um bom exemplo de como tradição e inovação podem caminhar juntas vem direto da região Norte. Um dos refrigerantes mais icônicos entre os amazonenses, o Guaraná Baré, passou recentemente por uma transformação importante: ganhou uma versão zero açúcar.
Usuários da rede social X (antigo Twitter) relataram que encontraram a nova tabela nutricional do Baré, indicando zero calorias e zero açúcar. Com sabor marcante que remete à infância, o refrigerante agora pode entrar até mesmo nas dietas mais restritivas, sem abrir mão do gosto original.
Segundo Sumayra Leão, gerente da fábrica da Ambev em Manaus, o desenvolvimento da nova fórmula exigiu tecnologia de ponta. “O grande desafio era manter o sabor, o aroma e a experiência sensorial de uma marca que já faz parte da cultura local há mais de 60 anos. Isso foi possível graças ao uso de tecnologias aromáticas avançadas, que simulam as sensações provocadas pelo açúcar”, explicou.
Mas será que um refrigerante “zero” é mesmo zero?
Essa dúvida é comum e válida. A nutricionista Lia Santos explica que, conforme regulamentação da ANVISA, um produto pode ser rotulado como “zero açúcar” se tiver menos de 0,5g de açúcar por porção, e “zero calorias” se tiver menos de 5 kcal por porção. “Na prática, esses valores são tão baixos que não interferem no valor calórico da refeição”, reforça.
Refrigerante zero é aliado, mas não substitui a água
Mesmo com todas essas boas notícias, vale lembrar: guaraná não é água. O ideal é manter a hidratação com água pura e usar o refrigerante como um “agrado” pontual dentro de um plano de alimentação mais consciente.
Portanto, se você está em processo de reeducação alimentar, quer emagrecer ou apenas melhorar a qualidade da sua alimentação, não precisa cortar o refrigerante de vez. Com equilíbrio e informação, dá para manter o sabor sem comprometer os resultados.
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