Uma estudante de educação física foi presa nesta segunda-feira (19) por se passar por médica em Manaus. Identificada como Sofia Livas de Moraes Almeida, a jovem usava um diploma falso para atuar ilegalmente como cardiologista pediátrica, chegando a atender crianças autistas, cardiopatas e até prometer a cura a uma criança com paralisia cerebral. A prisão foi realizada pela Polícia Civil do Amazonas, que vinha investigando o caso há semanas.
Segundo as autoridades, Sofia se infiltrava em grupos de especialistas em cardiologia, participava de eventos médicos e chegou a atuar em hospitais da capital, sempre utilizando uma identidade falsa. Ela se apresentava como pediatra e alegava ser sobrinha do prefeito de Manaus, David Almeida – outra mentira que ajudava a dar credibilidade à farsa.
Um dos episódios mais comoventes da investigação foi relatado por Marline Melo, mãe de um menino com paralisia cerebral. Marline contou que a falsa médica lhe prometeu uma cirurgia no Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV) que supostamente faria seu filho voltar a andar. “Eu me senti enganada, porque era uma esperança. Ela foi a única médica que me deu essa expectativa. Saí daquele dia muito feliz, contei para toda a minha família. E era tudo mentira”, lamentou a mãe, emocionada.
Além das falsas promessas, a falsa médica receitava medicações controladas, inclusive remédios de tarja preta, para crianças. Durante o cumprimento de mandado de busca em sua residência, a polícia encontrou medicamentos de uso hospitalar, o que levanta suspeitas de desvio de estoques da rede pública.
Sofia também é acusada de utilizar o carimbo de outra médica, com nome semelhante ao seu, para emitir receitas e atestados. A Polícia Civil estima que ela estava atuando ilegalmente há pelo menos dois anos, e durante esse período chegou a participar de reuniões com representantes dos Ministérios da Saúde e da Educação, em Brasília.
A falsa médica chegou a coordenar a organização de um congresso nacional de medicina previsto para julho deste ano, o que escancara o nível de confiança que ela conseguiu obter com sua identidade forjada.
As investigações continuam para apurar o envolvimento de possíveis cúmplices e a origem dos medicamentos encontrados. A Polícia Civil reforça que se outras pessoas se sentiram vítimas de Sofia, devem procurar a delegacia para prestar depoimento.
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