A aliança entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), anunciada em fevereiro de 2025, chegou ao fim. Em comunicado, publicado nessa segunda-feira (28), o PCC declarou o término da aliança com o CV. A ruptura marca o retorno de um dos conflitos mais violentos do crime organizado no Brasil, com potencial para agravar a segurança no Amazonas e em outros estados.
Na mensagem, o PCC afirma que a decisão foi tomada de forma consensual, mas reforça sua intolerância a práticas que violam a “ética do crime”, como ataques a familiares ou pessoas inocentes. “Questões que ferem a ética do crime nunca foram e nem serão aceitas em nenhuma aliança ou amizade”, diz o texto. Apesar do tom conciliador, a facção deixa claro que só manterá diálogo com quem “defende a paz”.
Breve história da aliança
A aproximação entre PCC e CV, anunciada em 11 de fevereiro pelo CV no Amazonas e confirmada no dia seguinte pelo PCC em São Paulo, havia surpreendido pelo ineditismo. Os comunicados iniciais proibiam ataques mútuos e sugeriam negociações para uma trégua nacional, visando reduzir a violência em presídios e nas ruas.
A iniciativa partiu de líderes encarcerados em penitenciárias federais de segurança máxima, onde restrições severas dificultam comunicação e visitas. Advogados das facções atuaram como intermediários, buscando melhorar as condições de seus líderes e aliviar a pressão do Sistema Penitenciário Federal (SPF).
Rivalidade histórica e risco de novos conflitos
A aliança, porém, mostrou-se frágil diante de décadas de rivalidade. PCC e CV já foram aliados no passado, mas a parceria ruiu em 2016, quando disputas por territórios e controle prisional levaram a uma guerra sangrenta. Um dos episódios mais graves foi o massacre de Manaus em 2017, quando 56 presos, majoritariamente ligados ao PCC, foram executados pela Família do Norte, aliada do CV.
Com o fim do acordo, especialistas alertam para o risco de uma nova onda de violência, especialmente no Amazonas, região estratégica para o tráfico de drogas devido à proximidade com rotas internacionais. O estado já foi palco de disputas violentas entre facções, e a retomada das hostilidades pode levar a confrontos dentro e fora dos presídios.
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